Pobre e infeliz do homem ou da mulher que se aprisiona no passado. O seu presente não é levado em conta e sua vida é um tormento sem fim.
Há dois tipos de pessoas presas no passado. O primeiro é o daquelas que tiveram experiências boas, mas não conseguiram acompanhar os sinais dos tempos e começaram a ver como maléficos os avanços da modernidade. Essas pessoas tornaram-se anacrônicas e com muita ingenuidade elegem como "o seu tempo" aquele tempo que já se foi. Muitas vezes os pais, para reclamarem dos filhos, dizem
: "No meu tempo não era assim". Essas pessoas sofrem porque tiveram um tempo "bom" e agora, como medo do presente, agem como se não estivessem vivendo mais.
O segundo tipo de pessoas também muito sofredoras é o daquelas que experimentaram fatos muito tristes, dolorosos, traumáticos, e não conseguiram se libertar deles. O passado delas é tenebroso. Entrar nele é uma tortura sem fim, pois há sempre o reencontro com o inimigo, causador do ódio, da mágoa, do rancor.
Se o passado é doloroso, porque então as pessoas donas desse passado vivem voltadas para ele? Para chegar a uma resposta a esta pergunta temos que entender a intenção do inimigo dessas pessoas. O inimigo é alguém que abre as feridas em suas vítimas e ao mesmo tempo entrega a elas uma arma poderosa para continuar possuindo-as e para manter sempre abertas as suas feridas. A esta arma é que se dá o nome de ódio.
As pessoas que fazem o mal são aquelas que amam a morte e fazem da morte o seu objetivo. Vivem para a morte. O ódio delas é um sentimento de morte. Elas fazem do ódio o seu prazer. Mas o seu prazer maior é suscitar o ódio e colocar as pessoas neste estado de morte. Noutras palavras, é ver as pessoas das quais sentem grande inveja num estado de igualdade.
Deus enviou ao mundo os profetas, seus porta-vozes, para alertar o seu povo a mudar o deserto intransitável de suas vidas e a olhar para a estrada que está à sua frente (Cf. Is 43,18-19). Como não foi ouvido, a não ser por uma minoria, Ele mesmo veio ao mundo para fazer vingança. Mas a sua vingança se diferencia totalmente daquela praticada pelos homens. A sua vingança é uma boa notícia de libertação aos acorrentados pela cegueira, pela surdez, pela paralisia, pela pobreza, pelos preconceitos, pela ignorância, pelos vícios, pelo fanatismo etc.
O Cristo nos liberta do passado, nos introduz num tempo presente de graça e nos mostra o caminho aberto diante de nós. Este é um tempo para as pessoas de todas as idades. É um tempo para os que estão se sentindo velhos, inúteis, olharem a vida para a frente.
E este é também um tempo para arrebentar as correntes do ódio. A arma poderosa que nós cristãos temos para atingir, como uma bomba, o coração dos inimigos e desarmá-los é a mesma que está em nossos corações: o Amor.
D. Josias Dias da Costa, OSB.
(InFormAção, vol. 3, nº 12 Goiânia, Dezembro 2001
Deserto: (Momento para refletir)
1) Ainda estou amarrado ao meu passado?
2) Tenho percebido o caminho que Deus tem me mostrado?
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