quinta-feira, 28 de abril de 2011

Cf - 2011 - O cuidado com a vida e suas fontes


O cuidado com a vida e suas fontes

130. Na Bíblia em geral, não encontramos um tratado específico sobre o meio ambiente, mas podemos encontrar algumas indicações preciosas, a partir das quais podemos perceber o respeito que o povo de Israel devia nutrir para com os seres da natureza. Nesse sentido, um dos mais importantes é o livro do Deuteronômio. Nele podemos observar algumas passagens com recomendações expressas sobre o cuidado que as pessoas as quais se dirigia deviam nutrir para com os seres do meio ambiente.

131. É interessante observar que este livro em que se reuniu leis para vários âmbitos referentes à vida dos israelitas, prestou-se para a reorganização da sociedade israelita na metade do século VII a.C, numa fase posterior à dominação da Assíria e procura contrapor-se aos valores e práticas deste povo imperialista da época[16], inclusive no cuidado para com a natureza. Abaixo seguem algumas destas recomendações:

a) Dt 22, 6-7 – nesta passagem, o texto diz explicitamente que se alguém encontrar no caminho, sobre uma árvore ou na terra, uma ave sobre um ninho, com ovos ou filhotes, e tendo necessidade destes alimentos, poderá ficar com os filhotes, mas deverá poupar a ave (“livre deixarás a mãe”). Essa lei nos permite perceber a preocupação com a fonte da vida, com a continuidade do processo de reprodução para que a espécie não venha a se extinguir. A mentalidade imperialista dos assírios não demonstrava esta sensibilidade, conforme é possível perceber na profecia de Isaías contra a Assíria, referindo-se a interferência devastadora da mesma em relação à dominação dos povos e ao saque de seus tesouros: “A minha mão, como em um ninho apanhou a riqueza dos povos... colhi a terra inteira: não houve ninguém que batesse as asas, ninguém que desse um pio” (Is 10, 14). Trata-se de uma ação destrutiva, sem a preocupação com o ciclo da vida, com a integridade da criação. Em virtude de atitude semelhante, temos visto que a vida no planeta se encontra ameaçada.

b) Dt 20, 19-20 – apresenta orientações para situações de batalha, mas não é esquecido o cuidado com a natureza. Nesse sentido, é interessante a indicação para se poupar as árvores produtivas: “quando sitiares uma cidade... não destruas as árvores a golpes de machado; porque poderás comer dos frutos. Não derrubes as árvores. Ou as árvores do campo seriam porventura homens para fugirem de tua presença por ocasião do cerco?” (Dt 20, 19). A permissão para o corte contempla ações contra o inimigo, mas somente em relação às árvores não frutíferas, “as árvores que souberes não frutíferas, poderás destruí-las e derrubá-las para as obras do cerco contra a cidade inimiga” (Dt 20, 20). Essas recomendações são um tanto quanto paradoxais, pois em ação contra uma determinada população, procurava-se poupar árvores que lhe forneciam alimentos para sobreviver. Expressa a distinção básica entre uma árvore e o ser humano e apesar da beligerância do ser humano, deixa uma esperança para uma parte da criação[17]. Mas por outro lado, refreava o desmatamento do lugar, preocupação inexistente às potências imperialistas da época. E, neste sentido, esta preocupação demonstrada no texto é oportuna para o nosso contexto, dado que ainda se constata o prosseguimento de uma das formas mais aviltantes de agressão ao meio ambiente, a devastação de florestas.

c) Dt 23, 13-15 – nesta passagem, existe a indicação para se manter a limpeza do acampamento: “Fora do acampamento terás um lugar onde te possas retirar para as necessidades. Levarás no equipamento uma pá para fazeres uma fossa... Antes de voltar, cobrirás os escrementos.” (Dt 23, 13-14). Aqui aparece a preocupação para com o saneamento em meio ao acampamento do povo, dado importante para as condições de vida daquelas pessoas. Em nossos dias o déficit em saneamento básico é vergonhoso, atinge cerca de 2,5 bilhões de pessoas no mundo. É bom nos atentarmos também, para o fato de que essa situação vai contra a santidade da vida, “teu acampamento deve ser santo, para que o Senhor não veja em ti algo de inconveniente e te volte as costas” (Dt 23, 15b). Diante desse texto, que fala diretamente do saneamento, devemos igualmente pensar na poluição e lixo que inundam nossos rios e matas, ou o nosso ‘acampamento’.

132. Quando o pecado ganha espaço, o prejuízo acaba indo mais longe do que percebemos ou prevemos. Os judeus costumam dizer que Caim não foi responsável só pela morte de Abel, mas por ter tornado impossível a vida de toda uma descendência que viria a partir dos filhos de seu irmão. Nós também, se não cuidamos das fontes da vida e permitirmos a devastação do planeta, estamos negando vida e direitos às gerações que ainda não nasceram. Como partícipes da grande família dos filhos de Deus, temos que zelar por todos os irmãos, os do presente e os do futuro. Esses e outros textos bíblicos nos revelam a compreensão que Israel tinha de que a terra, casa comum, foi criada por Deus, mas entregue aos seres humanos, como um espaço a ser trabalhado e cuidado. Isso não apenas em textos sobre as origens do universo, mas também na literatura sapiencial conforme nos testemunha o Sl 115, 16:“Os céus são os céus do Senhor, mas a terra ele a deu aos filhos de Adão”.

133. Essa pequena reflexão sobre cuidados para com a natureza e meio ambiente a partir do livro do Deuteronômio, certamente nos ajuda a pensarmos e colocarmos em prática, novas atitudes visando à preservação do mundo em que vivemos. Pois é comum, no contexto do atual sistema, em que os bens criados são explorados indiscriminadamente, nos depararmos com atitudes de absoluto descaso para com a natureza, como o mero fato de se jogar papéis no chão ou sacolas plásticas. É urgente a nossa tarefa de construir uma espiritualidade que contribua para que todos os seres possam ser respeitados

Fonte: Texto Base da CF-2011

Vivonafé Notícias - Beatificação de João Paulo II acontece domingo


Beatificação de João Paulo II acontece domingo


Um milhão e meio de poloneses estarão presentes na Praça de São Pedro, no Vaticano, domingo, primeiro de maio. Esta é a estimativa para a solenidade de beatificação de João Paulo II, que acontece domingo, às 5h (horário de Brasília) na Basílica de São Pedro, em Roma, sob a presidência do Papa Bento XVI. A maciça presença dos poloneses se deve ao fato de ser a Polônia o país natal de João Paulo II.

Não estão incluídos nesta conta os milhares de fiéis do mundo inteiro que irão para a celebração. Entre esses milhares de fiéis estão dois padres da Arquidiocese de Natal: João Maria do Nascimento, pároco de Nossa Senhora de Fátima, Parque das Dunas, e Inácio Henrique de Araújo Teixeira, pároco de Santo Antônio de Pádua, no Parque dos Coqueiros, ambas na zona norte de Natal.



“Por aqui, tem-se notícias da presença de diversos chefes de Estado e seus respectivos corpos diplomáticos, além de lideranças religiosas de diferentes credos”, comenta o Seminarista Francisco Fernandes, da Arquidiocese de Natal, que estuda em Roma. Segundo ele, houve uma intensa preparação, do ponto de vista espiritual, com vigílias e encontros celebrativos, e do ponto de vista da segurança e infraestrtura. “A beatificação de João Paulo II é a confirmação de que o caminho da santidade continua a ser um apelo atual e sempre possível para todos nós”, afirma Francisco.
Para ele, do ponto de vista eclesiológico, a beatificação é um fato concreto de implicações positivas para a vida de todos os cristãos. “João Paulo II representa, para toda a comunidade dos crentes, uma espécie de ícone de inspiração para todos os que se põem a caminho, no seguimento de Jesus Cristo”, diz.



Fonte:Fonte: http://www.arquidiocesedenatal.org.br/noticias_index/not2804beatificacao.htmhttp://www.arquidiocesedenatal.org.br/noticias_index/not2804beatificacao.htm