sábado, 30 de junho de 2012

VATICANO II: 50 ANOS 4. A IGREJA NO CONCÍLIO


O Concílio Ecumênico Vaticano II nos oferece 16 documentos, entre os quais duas constituições sobre a Igreja. A primeira, dogmática, denomina-se Lumen Gentium (luz dos povos) e nos apresenta ensinamentos sobre o ser da Igreja e sua missão. A segunda, pastoral, chama-se Gaudium et Spes (alegria e esperança); ela nos fala a respeito da Igreja no mundo de hoje. "A Igreja", dizia Paulo VI, "está no meio da vida contemporânea para iluminá-la, sustentá-la, consolá-la".
            Ao iniciar sua palavra sobre a Igreja, o concílio afirma que ela é mistério - significado que somente a fé nos pode dar a conhecer o que ela é. Ao rezarmos o creio, proclamamos com alegria e convicção:"Creio na Santa Igreja Católica".
            O essencial do mistério da Igreja é que seja uma comunhão com o Pai por Jesus Cristo, no Espírito Santo, e que viva em comunhão fraterna. A Igreja é instrumento da salvação, graça que brota do coração de Jesus Cristo morto e ressuscitado para a vidas de todos. Ela é missão e testemunho em comunhão com os outros. A Conferência de Puebla, bebendo das fontes do Vaticano II, diz-nos que a Igreja é comunhão e participação.
            Iluminados pela fé, professamos que a Igreja é, em Cristo, como que o sacramento, ou sinal, e instrumento da íntima união com o Pai e da unidade de toda a humanidade. Diante do mistério da Igreja, somos convidados - pessoal comunitariamente - a proclamar confiantes: cremos na Igreja, una, santa, católica, apostólica; nossa mãe e mestra!
D. Angélico Sândalo Bernardino
Bispo Emérito de Blumenau e  
membro do Instituto Jesus Sacerdote

Fonte: jornal O Domingo Semanário  Litúrgico-Catequético - Segunda, 4 de junho de 2012

sexta-feira, 29 de junho de 2012

VATICANO II: 50 ANOS - 3. CONCÍLIO ECUMÊNICO


3. CONCÍLIO ECUMÊNICO 
Na comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II, vale a pena fazer breve consideração sobre os concílios ecumênicos.
  Concílio ecumênico é a reunião dos bispos do mundo inteiro, com o papa, para tratar de assuntos referentes à palavra, a Igreja e sua missão evangelizadora. "Ecumênico" significa universal, reunião de todos. Na abençoada história da Igreja, tivemos 21 concílios ecumênicos. O concílio Ecumênico Vaticano II realizou-se de 1962 a 1965 e reuniu em trono de 2.200 bispos com o papa Paulo VI.
  Estiveram também presentes teólogos, peritos nos diversos temas que foram considerados. Participaram ainda como"observadores", representantes de outras Igrejas cristãs: ortodoxos, luteranos, anglicanos e outros. Esse concílio, cujo cinquentenário de abertura estamos celebrando, denomina-se Vaticano II por ter ocorrido (pela segunda vez) na cidade do Vaticano. O local onde o concílio é realizado dá nome à grande assembléia.

  Nos quatro períodos de duração do Vaticano II, foram realizadas 168 congregações gerais e pronunciados 2.217 discursos, tendo sido elaborados e aprovados 16 documentos.
  O Concílio Ecumênico Vaticano II constitui verdadeira primavera para a Igreja. Nestes 50 anos, os ensinamentos do concílio foram sendo concretizados, com avanços e retrocessos. Hoje novos desafios   se apresentam à Igreja, que, no vigor do Espírito Santo, deve ir se renovando, conhecendo verdadeira conversão pastoral, para que possa evangelizar com novo vigor, novos métodos e novas manifestações.
D. Angélico Sândalo Bernardino
Bispo Emérito de Blumenau e  
membro do Instituto Jesus Sacerdote

Fonte: jornal O Domingo - Semanário  Litúrgico-Catequético - domingo, 3 de junho de 2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

VATICANO II: 50 ANOS - 2. FINALIDADE DO CONCÍLIO


  No dia 11 de outubro de 1962, o papa João XXIII inaugurou o Concílio Ecumênico Vaticano II, encerrado pelo papa Paulo VI no dia 8 de dezembro de 1965. São 50 anos! Para comemorar esse evento, a Igreja Católica no Brasil organizou vasta programação para os anos de 2012 a 2015. Quais foram os motivos para a realização desse concílio, que marca a caminhada da Igreja em nossos tempos?
  João XXIII afirmou que o concílio devia "apresentar às pessoas do nosso tempo, íntegra e pura, a verdade de Deus", de tal forma que elas a pudessem "compreender e abraçar espontaneamente". O bom João dizia que o concílio devia provocar reformas na Igreja à realidade histórica. Ele queria aprofundar atualização da Igreja. Via, através do concílio, nova primavera para a Igreja, aberta ao ecumenismo, em diálogo com todos. O papa Paulo VI prosseguiu na mesma direção, queremos um concílio renovador da Igreja, de braços abertos, ao acolhimento a todos com misericórdia, compaixão, à maneira de Jesus.
  Nestes 50 anos de tempo pós-conciliar, momentos de primavera e de inverno vão se alterando na Igreja! Nos mais diversos e adversos ambientes, discípulos(as) missionários(as) de Jesus, no aconchego da Rainha dos apóstolos, suplicam ao Espírito Santo, trabalham com novo vigor, novos métodos e novas manifestações, para que, no hoje da história, possamos concretizar os ideais e conquistas do abençoado Concílio Ecumênico Vaticano II.

D. Angélico Sândalo Bernardino
Bispo Emérito de Blumenau e  
membro do Instituto Jesus Sacerdote

Fonte: jornal O Domingo

Semanário  Litúrgico-Catequético - sábado, 2 de junho de 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

VATICANO II - 50 ANOS



1. JUBILEU DE OURO DO CONCÍLIO


Dando as graças a Deus, nos anos de 2012 a 2015 estamos vivendo o jubileu de ouro do Concílio Ecumênico do Vaticano II. Esse concílio foi maior acontecimento da igreja no século passado. O papa João XXIII surpreendeu a todos com o anúncio do concílio. O profético anúncio em 25 de janeiro de 1959, festa da conversão do apóstolo Paulo. A inesperada iniciativa do papa despertou imediatamente perplexidade, incertezas e imensa onda da alegria e esperança.
Depois de três anos de árdua e trabalhosa preparação, o bom papa João deu abertura ao concílio no dia 11 de outubro de 1962.
Quatro foram os períodos do Vaticano II. João XXIII presidiu ao primeiro, partindo depois para o céu em 1963. Os três períodos foram presididos por Paulo VI, que encerrou os trabalhos conciliares no dia 8 de dezembro de 1965.
Passados esses anos todos O papa Bento XVI, recolhendo os maravilhosos ensinamentos do concílio, da caminhada da Igreja nestes 50 anos, e diante dos desafios da nova época em que vivemos, convocou novo sínodo dos bispos, que se realizará de 7 a 28 de outubro de 2012, sobre "a nova evangelização para a transmissão da fé cristã".
Na verdade, a comemoração deste cinquentenário nos convida a agarrar, com renovado entusiasmo, os ensinamentos desse abençoado concílio, lançando as redes, no vigor do Espírito Santo, em águas sempre mais profundas.
D. Angélico Sândalo Bernardino
Bispo Emérito de Blumenau e
membro do Instituto Jesus Sacerdote 


Fonte: O Domingo - Seminário Litúrgico-catequético
Sexta-feira  1 de junho de 2012.




segunda-feira, 25 de junho de 2012

EUA: bispo é condenado por encobrir padres pedófilos



Pela primeira vez, um expoente da cúpula da Igreja Católica norte-americana foi condenado por encobrir padres pedófilos. Isso aconteceu na Filadélfia, onde – depois de quase duas semanas de deliberações – os 12 membros de um júri popular julgaram Dom William Lynn, de 61 anos, como culpado de "ter posto crianças em risco".
Lynn, de 1992 a 2004, foi o responsável pelo clero da Arquidiocese da Filadélfia e caberia a ele apontar e investigar as acusações de abuso sexual contra sacerdotes que estavam em contato com as crianças. Os jurados o consideraram culpado – absolvendo-o de duas outras acusações, incluindo de "conspiração" –, porque, embora estando a par de acusações confiáveis contra dois sacerdotes, James Brennan e Edward Avery, ele permitiu que eles continuassem exercendo o ministério e os transferiu para paróquias onde os fiéis não tinham conhecimento do risco. Os dois padres, nos seus novos cargos, continuaram molestando crianças.
Ao longo do processo, a defesa argumentou que Lynn tinha apenas o poder de sugerir cargos e transferências dos padres da diocese, dirigida na época pelo cardeal Anthony Bevilacqua, falecido em janeiro passado aos 88 anos e a quem cabia, em última análise, a responsabilidade pelas atribuições de sacerdotes.
Ao cardeal, Lynn também havia apresentado, em 1994, uma lista com os nomes de 35 padres acusados de abuso sexual contra crianças. O cardeal Bevilacqua pediu que a lista fosse destruída, mas uma cópia foi encontrada depois no cofre da diocese. A acusação, porém, insistiu no fato de que Lynn optou por proteger a Arquidiocese da Filadélfia, para evitar um escândalo que prejudicasse a imagem da Igreja, ao invés de proteger as crianças.
O veredicto contra Dom Lynn é uma vitória para o procurador distrital da Filadélfia, que desde 2002 investiga a diocese e o seu envolvimento no escândalo dos padres pedófilos, e para as associações das vítimas de abuso, que há anos pediam que fossem reconhecidas as responsabilidades não apenas dos sacerdotes molestadores, mas também daquelas pessoas que, na hierarquia eclesiástica, os haviam protegido.
"O veredito de culpabilidade é uma mensagem clara e forte segundo a qual proteger sacerdotes molestadores é um crime hediondo que ameaça famílias, comunidades e crianças, e deve, por isso, ser punido", afirmou Barbara Dorris, da associação Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres.
O caso da Filadélfia chega ao fim justamente quando, em muitas dioceses norte-americanas, a Igreja Católica está tentando evitar que os tempos da prescrição para o crime de pedofilia – diferentes de Estado para Estado – sejam esticados ou mesmo eliminados. Nos EUA, o escândalo da pedofilia custou à Igreja 2,5 bilhões de dólares entre custos legais, ressarcimentos e programas de prevenção, enquanto várias dioceses foram à falência.
A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider, 23-06-2012.

SOFRIMENTOS


Se alguém me perguntar: quem tem dificuldade em lhe dar com o sofrimento? Eu não saberei responder. No entanto, tenho consciência que eu não sei, fujo do sofrimento como o diabo foge do amor de Deus!
Hoje percebi que minha fuga é inútil, pois onde poderei ir para me ver longe dele?! Bebidas? Drogas? Suicídio? Sexo? Comida? Dinheiro? Bens materiais? Não acredito que alguma destas coisas possam me livrar do sofrimento, elas até podem me tirar alguns instantes da realidade, mas depois do prazer lá está o sofrimento. Vivi para fugir do sofrimento, por vários motivos, com a fantasia de que eu não possuía sofrimentos; para mim o sofrimento se resumia em dores físicas; como eu não as tenho, logo, eu não sofro! Mas o que é então o sofrimento? O que nos faz sofrer?
 Para dar resposta a esta questão uso o texto da primeira carta de são Pedro: “Cristo sofreu por vós deixando-vos um exemplo, a fim de que sigais os seus passos.” (1Pd 2,21b).
 Calma! Não vou falar para você abraçar a sua cruz e seguir Jesus
A primeira afirmação que Pedro nos faz é que Jesus sofreu, a partir daí devemos pensar: o que então fez Jesus sofrer.
Quando somos bebê o choro é o único meio de se comunicar com o mundo, este é um sinal de sofrimento. O bebê chora quando está com fome, com frio, quando sente as dores das cólicas intestinais, etc. Com Jesus não foi diferente, ele também sofreu as coisas próprias dos bebês; a Virgem Maria só saberia que ele estava com fome quando ele chorava.
 Com o pouco material que temos sobre a infância de Jesus, sabemos que ele foi educado na fé judaica; assim, sofreu a dor da circuncisão e viveu os ritos próprios da religião judaica (para alguns viver a fé é sofrimento).
Sofreu a dor da morte de seu pai, José; pode ter sofrido também a dor da morte de seus avós. Teve que suportar os sofrimentos do duro trabalho na carpintaria de seu pai para poder sustentar a casa e cuidar de sua mãe.
 Na idade adulta sofreu com a fome (cf. Mt 4,2b), com tentações (cf. Mt 4,1-11), com a doença e morte do amigo Lázaro (cf. Jo 11,1-44); com a ausência dos amigos num momento de dor (cf. Lc 22,39-46); com a traição (cf. Mt, 26,14-16) e com a negação (cf. Lc 22,54-62) daqueles que lhe eram próximos.
 A segunda afirmação que está contida na frase da carta de são Pedro é que Jesus sofreu por vós.
 Jesus enquanto Palavra (Logos) de Deus, antes do evento da encarnação, não compartilhava do sofrimento humano, pois era puro espírito. Mas Ele quis vir até nós, que andávamos qual ovelha sem pastor, com a nossa própria carne, para mostrar o verdadeiro caminho.
Jesus ao abraçar a nossa carne, abraça-a totalmente, ou seja, abraça tudo o que é próprio da nossa humanidade (menos o pecado), inclusive o sofrimento.
Que loucura! Eu aqui tentando fugir do meu sofrimento e Jesus abraçou o sofrimento da humanidade só para me mostrar o caminho que devo seguir: a autoaceitação.
 Ora, se não aceito quem sou como poderei aceitar o que Deus quer me dar? Se não aceito minha fragilidade como poderei aceitar a Paternidade de Deus que cuida de seus filhos? Se não aceito a minha miséria como poderei aceitar a misericórdia de Deus que acolhe o filho pródigo? Se não aceito o sofrimento hodierno como poderei aceitar Jesus Cristo que viveu o sofrimento como qualquer homem? Se não aceito o inesperado como aceitarei o Espírito Santo que sopra onde e como quer?
 Louvado sejais, ó Pai, pelo sofrimento em minha vida! Pois através dele eu posso ser cuidado por Vós, qual criança nos braços acolhedor de seu Pai.
 Louvado sejais, ó Jesus, pelo sofrimento em minha vida! Pois através dele eu posso me assemelhar um pouco mais a Vós; assim como o Senhor sofreu por mim, também sofro eu por Ti.
 Louvado sejais, ó Espírito Santo, pelo sofrimento em minha vida! Pois assim como o Senhor guiou Jesus ao deserto (cf. Lc 4,1) preparando-O para a sua missão; sei, pela fé, que o sofrimento que agora enfrento é instrumento Vosso em minha vida para me levar para mais perto de Vós. Amém.