sábado, 23 de abril de 2011

ESTÁ VIVO.


Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo de Montes Claros - MG

O ser humano tem o grande desejo de autoafirmação e realização plena. Para isso ele depende do semelhante e de quem lhe dá segurança de obtenção de seu intento. Muitos desejam conquistá-lo sozinhos. Batem a cabeça na pedra do próprio egoísmo e limite. Infelicitam-se. Às vezes colocam seu objetivo de vida no que é limitado, material  e passageiro. A partir daí se encontram num beco sem saída. A sepultura, no caso, vem demonstrar-lhes a impotência humana de alcançar o infinito e a imortalidade.

Jesus, o Filho de Deus, assumindo nossa natureza humana, mostra-nos o que fazer para conseguirmos realizar o sonho da vida imorredoura, sendo Ele o primeiro exemplo a seguir. Ensina sobre o sentido e a finalidade da vida, com a caminhada terrena. A dependência humana de Deus e a convivência com o semelhante de modo justo e fraterno são condições vitais para conseguirmos atingir a meta da existência. A ciência e todo tipo de saber humano não são capazes de dar consistência imortal a ninguém. Só Deus tem esse poder. O humano é condicionado à matéria, ao tempo e ao espaço. Nem algum fundador de religião nem a própria religião têm força de levar seres limitados, como somos, ao patamar da felicidade com o Ser Divino.

Com a superação da morte o Cristo nos demonstra seu poder divino. Ele se submeteu aos nossos limites, inclusive passando pela sepultura de seu corpo de natureza humana. Seu poder de Deus o fez superar a morte. Também na natureza humana Ele está vivo. Paulo nos lembra: “Se Jesus não tivesse ressuscitado nossa fé seria vã” (Coríntios 15,14). A partir daí acreditamos no seu poder de fazer o milagre também de nossa ressurreição, mas tendo um corpo não mais sujeito à matéria. O mesmo apóstolo afirma: “Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, acreditamos também que aqueles que morreram em Jesus serão levados por Deus em sua companhia... Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós os vivos, que estivermos ainda na terra...” (1 Tessalonicenses 4,14.16.17).

A Páscoa ou a ressurreição de Jesus marca a razão de ser da fé nele. Seu martírio recebeu o triunfo com a vitória  da ressurreição. A redenção, ou superação de todo tipo de morte, acontece para toda a humanidade de todos os tempos. Não é a religião que tem força de salvação. É Deus. Tudo o mais tem o efeito dessa força, quanto mais afinado estiver com os valores éticos, morais, virtuosos e de bondade inerentes a todo o ser humano. A maior precisão de bondade vem do referencial divino. Quanto mais trabalhamos para nos atermos a ela mais facilidade temos de nos encaminhar à ressurreição gloriosa com o Filho de Deus. A instituição de sua Igreja é um instrumento de importância ímpar para termos as melhores condições e os melhores meios de salvação. Quem não os usa sem culpa de não percebê-los tem os efeitos da redenção de Cristo quando vivem os valores assumidos em sã consciência de estar agindo corretamente. Nosso esforço de dar a vida pelos valores de Seu Reino nos dá verdadeira caução ou base para alcançarmos a vida sem limites na felicidade beatífica com Deus na eternidade. Não estaremos mais sujeitos à lei da sepultura. Afinal, a ressurreição de Jesus é nossa vitória!

Cf - 2011 - O descanso e o sentido autêntico da criação



119. Deus nos dá este mundo para que vivamos numa solidariedade geradora de paz. “No sétimo dia, Deus concluiu toda obra que tinha feito; e no sétimo dia repousou de toda obra que fizera” (Gn 2, 2a). Este dia, o sétimo, se reveste de grande importância no contexto do primeiro relato da criação, pois nele, Deus “concluiu” a sua criação. Desta forma, é no dia chamado de sábado e através dele, que o homem e a mulher vão reconhecer a realidade na qual vivem, como também perceberem-se como criação de Deus. Este dia é chamado de sábado, do qual deriva uma doutrina, que também, ilumina a criação sobre o seu autêntico futuro, pois a abre para a presença da eternidade no tempo, e testemunha o mundo vindouro que está sendo engendrado no hoje.

120. A filosofia moderna criou as bases para o desenvolvimento de uma visão mecanicista da natureza. Através do pensamento de Francis Bacon, desenvolveu o método indutivo que possibilitou a elaboração de princípios gerais das ciências através da associação de elementos particulares observáveis empiricamente. René Descartes trabalhou os conceitos de ideia clara e distinta, que ajudou na observação de fenômenos particulares. Depois estabeleceu a distinção entre a realidade material e a inteligível (res extensa e res cogitans), possibilitando uma mentalidade dualista, que fundamenta o materialismo como consequência da ruptura entre o material e o espiritual e, por fim, desenvolveu o método racional. Galileu Galilei descobriu a órbita dos planetas, que fez com que ele concebesse o universo funcionando como um relógio. Tudo isso contribuiu para uma visão mecanicista do universo, que será desenvolvido até as últimas consequências por Isaac Newton. Nessa visão mecanicista do universo, não há espaço lógico para pensar o descanso da natureza ou para encontrar um lugar na vida humana para a contemplação. Mas não há nada mais estranho ao significado da criação do que o planeta ser entendido como uma espécie de máquina, como na modernidade.

121. Em nossos dias, há muito ficou para segundo plano esta leitura do descanso de Deus, no qual Ele abençoa e santifica a sua obra criada. Damos muito mais valor e sentido à vida do ponto de vista do trabalho e da produção, enquanto que o descanso, a festa, a alegria em viver são desqualificadas como sem serventia e sem sentido. Não é possível entender a criação de modo mais aprofundado, sem perceber o sentido deste repouso. Para as tradições bíblicas estas realidades estão interligadas, pois o repouso é a festa da criação. É em vista desta festa que Deus criou o céu e a terra e tudo o que neles existem. Por isso, na história da criação, sucede-se a cada dia uma noite; o descanso de Deus, no entanto, não conhece noite alguma.

122. Então podemos nos interrogar: o que Deus acrescentou com o descanso às obras da Criação se já a havia concluído no sexto dia? O que ainda faltava para a criação, se já se encontrava acabada? A resposta é o próprio descanso, do qual emergem a bênção e a santificação do sétimo dia, ou seja, Deus conclui a criação com a sua bênção [9]. É do repouso de Deus que emergem a bênção e a santificação do sábado. A obra da criação tem sua conclusão com o descanso do Criador. O Deus que descansa no sétimo dia é o criador que descansa de toda obra que fizera. No dia do repouso, o Criador também se recolhe novamente a si, o que não significa um retorno à existência eterna anterior à criação do mundo e das pessoas, mas deixa de criar e, junto com a sua criação, descansa e a contempla[10].

123. Entretanto, com o descanso, inicia-se a história de Deus com as suas criaturas, com o mundo e do mundo com Deus. Podemos dizer que Deus, não somente descansa de sua criação, mas que este descanso se dá em sua obra, que está diante dele e Ele presente nela[11]. Resulta que no sétimo dia, Deus liga a sua presença eterna com a sua criação transitória, está com ela e nela. Assim, a conclusão da criação se realiza no e com o descanso. A criação se refere à obra de Deus, enquanto o repouso à sua existência presente[12].

124. Pode-se afirmar que a criação revela Deus através de seus seres, mas apenas o repouso é a autorrevelação de Deus. Por isso, as obras da criação desembocam no descanso. No sétimo dia, inicia-se o reino da glória, da esperança e do futuro de todas as criaturas, e o sábado humano, torna-se “sonho de plenitude”[13], dado que esse descanso é indício e antecipação da eterna festa da glória divina. Para que isso seja possível, não podemos dissociar descanso de contemplação do divino, de modo que o descanso aprofunda os relacionamentos entre Criador e criatura e torna-se caminho de santificação e, por isso, o Decálogo exige a santificação do descanso (cf. Ex 20, 8).

125. O próprio Deus mostra o repouso como exigência para a vida humana e para a natureza quanto estabelece o ano sabático e o ano jubilar (cf. Lv 25, 1-22), sendo que o descanso deve ser respeitado não apenas para o ser humano, mas também para toda a natureza. Sem descanso não pode haver nem sequer vida natural de qualidade.

1.4.2. O dia do descanso e a ressurreição de Cristo
126. Nós cristãos entendemos que o sentido original do dia festivo está na celebração da ressurreição de Jesus, fato primordial sobre o qual apoia a nossa fé,[14] ocorrida no domingo. O domingo cristão deve ser visto como a expansão messiânica do sábado de Israel. O domingo, dia festivo cristão, entendido e vivido como o “dia do Senhor” não somente antecipa o descanso do final dos tempos, mas indica o início da nova criação.

127. Segundo a concepção cristã, a nova criação começa com a ressurreição de Cristo[15]. O jardim da ressurreição é o novo jardim do Éden, o lugar da recriação. O casal humano se reencontra num universo que não é o túmulo, mas o jardim, lugar da vida e não da morte. Se o sábado de Israel permite olhar em retrospectiva para as obras da criação de Deus e para o próprio trabalho das pessoas, a festa da ressurreição olha para frente, para o futuro da nova criação. Se o sábado de Israel permite participar do descanso de Deus, a festa cristã da ressurreição permite participar da força que opera a recriação do mundo. Se o sábado de Israel é primordialmente um dia de reflexão e de agradecimento, a festa cristã da ressurreição é primordialmente um dia de início e de esperança.

128. Não é por acaso que o dia da festa da ressurreição é visto pela Igreja como o primeiro dia da semana. Se para Deus, o sábado da criação era o sétimo dia, para as pessoas que haviam sido criadas no sexto dia, o sábado era o primeiro dia que experimentavam.

129. O esquecimento do significado profundo do dia do descanso também proporcionou a estruturação de um mundo sem celebração, de um tempo visto somente pela ótica da produção e do progresso, que gerou desequilíbrios e injustiças. E, dessa forma, prosperou um sistema de produção ancorada na eficiência, crescimento contínuo e na exclusão, com o capital assumindo a função de mantenedor da expansão e voltado para o lucro. Por isso, mesmo neste contexto de crise ambiental, nossa atenção não pode deixar de voltar-se para aqueles ‘descartados’ do sistema produtivo e que passam fome e outras necessidades. Este mundo sem o descanso de Deus, de sua presença, corre o risco de converter-se em fábricas que poluem e de homens e mulheres que atuam em um mercado de trabalho gerador mais de morte, que de vida propriamente.

Fonte: Fonte: Texto Base da CF 2011
Referências:
[10] Cf. Jurgen MOLTMANN, p. 396-397.
[11] Cf. Jurgen MOLTMANN, p. 398.
[12] Cf. Dies D 61.
[13] Cf. Franz ROSENZWEIG, In Jurgen Moltmann, op cit, p. 399.
[14] Cf. Idem 2.
[15] Cf. Idem, 25.















Sábado Santo - dia do silêncio

 Sábado Santo
"Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73).

No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. 


Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. 


Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos… ", diziam os discípulos de Emaús.

É um dia de meditação e silêncio. Algo pareceido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13).


Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos -não tanto momentos cronológicos- de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:


"...se despojou de sua posição e tomou a condição de escravo…se rebaixou até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que 
Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro".

Vigília Pascal
A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo uma antiqüíssima tradição, (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (Lc. 12, 35 ss), tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa.

A Vigília Pascal se desenvolve na seguinte ordem:
  • Breve Lucernário
  • Abençõa-se o fogo. Prepara-se o círio no qual o sacerdote com uma punção traça uma cruz. Depois marca na parte superior a letra Alfa e na inferior Ômega, entre os braços da cruz marca as cifras do anos em curso. A continuação se anuncia o Pregão Pascal.
  • Liturgia da Palavra
    Nela a Igreja confiada na Palavra e na promessa do Senhor, media as maravilhas que desde os inícios Deus realizou com seu povo.
  • Liturgia Batismal
    São chamados os catecúmenos, que são apresentados ao povo por seus padrinhos: se são crianças serão levados por seus pais e padrinhos. Faz-se a renovação dos compromissos batismais.
  • Liturgia Eucarística
    Ao se aproximar o dia da Ressurreição, a Igreja é convidada a participar do banquete eucarístico, que por sua Morte Ressurreição, o Senhor preparou para seu povo. Nele participam pelas primeira vez os neófitos.
Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.

A missa ainda que se celebre antes da meia noite, é a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição. Os que participam desta missa, podem voltar a comungar na segunda Missa de Páscoa.
O sacerdote e os ministros se revestem de branco para a Missa. Preparam-se os velas para todos os que participem da Vigília. 

Liturgia das Horas - Sábado Santos - Laudes

Continuando as Laudes nessa Semana Santa, chegamos ao Terceiro dia do Tríduo Pascal, vamos rezar com toda a igreja. Clic no link abaixo:
http://www.diocesedeosorio.org/osorio/liturgiadashoras/tempoquaresma/quaresma_ver.asp?Liturhoras_ID=136

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Cf - 2011 - Via-Sacra

Via-Sacra da Campanha da Fraternidade 2011
Nesta Via-Sacra vamos seguir Jesus, enviado pelo Pai para resgatar a criação que geme em dores de parto. Ele veio a esse planeta para trazer vida e iluminar os nossos caminhos e sofrimentos.

1ª Estação Jesus é condenado a morte
Jesus é condenado à morte. Por meio de sua entrega na cruz, Ele nos concede a vida. O pecado que condenou e matou Jesus continua a ferir e matar a obra da criação, dom do Pai.
A vida instalada neste planeta sofre pelos maus tratos que nossa civilização impôs ao planeta. Hoje notamos a temperatura aumentar e mudanças climáticas em curso. E, as ocorrências decorrentes  das mudanças climáticas, como as fortes chuvas e a desertificação, prolongam o sofrimento de Jesus, especialmente nos mais pobres e indefesos.
(Silêncio)

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor pela vida em todas as suas expressões. Fortalecei-nos neste amor, e zelaremos pela obra da criação, hoje necessitada de cuidado, para que continue a oferecer as condições necessárias para a vida na Terra. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. - Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

2ª Estação Jesus carrega a cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
Crucificaram Jesus no lugar chamado Calvário. Em nossos dias temos sinais inequívocos de que o planeta também tem o seu calvário. Na atmosfera aumentou a presença de gases que provocam o aumento da temperatura. As águas são contaminadas pela presença de lixo e substâncias tóxicas. Matas e florestas são devastadas e queimadas, terras de cultivo são esgotadas, Espécies já foram extintas, outras estão ameaçados de extinção. E por fim, as condições que o planeta oferece à vida, encontram-se em perigo.
(Silêncio)
Colocaram a cruz sobre os Seus ombros. Ele não apenas aceitou a imposição da cruz, mas abraçou-a livremente por amor. No peso da Sua cruz assumiu e carregou todos os sofrimentos, lágrimas e tristezas da humanidade neste contexto de aquecimento global e mudanças climáticas.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal de vossa compaixão para com toda a criação que geme em dores de parto. Renovai-nos para que tenhamos atitudes em nosso cotidiano que cooperem para sanar as dores por que passa o nosso planeta e fazem pesar a cruz de tantos irmãos e irmãs. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

3ª Estação Jesus cai pela primeira vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Carregando a cruz, Jesus saiu para o lugar chamado Calvário”. Caído de joelhos, ele rezava. “Como ovelhas, estávamos todos perdidos, cada qual ia em frente por seu caminho. Foi então que o Senhor fez cair sobre ele o peso dos pecados de todos nós”.
(Silêncio)
Enfraquecido por causa da perda de sangue nos maus tratos, com sede e com fome e com o peso da cruz, Jesus caiu por terra. Acolhe, em silêncio, com humildade e serenidade a queda. Confia em Deus, o que reanima sua fraqueza, renova a coragem e alimenta a esperança de vencer. Nosso planeta também se encontra enfraquecido pelas feridas que nosso sistema produtivo lhe abriu, explorando-o violentamente. Hoje já consumimos para além daquilo que a Terra pode nos oferecer de modo sustentável. E, apesar do planeta emitir sinais de desequilíbrio, continua a ser explorado impiedosamente.
(Silêncio)
Jesus caiu por terra em solidariedade para com a vida que é frágil e é submetida à violência de inúmeras ações pecaminosas neste planeta. Mas, ergueu-se da queda para retomar o caminho. Jesus quer estar presente em nossas lutas com esta força e com sua entrega nos une profundamente à sua páscoa.

Ó Deus, que não nos falte a força de Jesus, para nos reerguer da queda em nossas lutas em prol da vida no planeta e do auxílio às pessoas que sofrem. E ajudai-nos para que sejamos humildes em nossas quedas e confiantes no vosso poder para prosseguir na caminhada. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

4ª Estação Jesus se encontra com sua mãe
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
E a ti, uma espada traspassará tua alma! - e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”. “Estavam lá também algumas mulheres que o seguiam desde a Galileia e entre elas encontrava-se Maria, sua mãe”.
(Silêncio)
Eis diante de nós uma das cenas mais comoventes de toda a história humana. Ainda sem estar totalmente refeito da dura queda, com o rosto coberto de suor, sangue e poeira, com os olhos inchados, Jesus avista, no meio da multidão, a Sua mãe. Os olhares se cruzam. Jesus e Sua Mãe nada conseguem fazer. Mas os corações se tocam. Hoje a dor invade os corações de pessoas que com a sensibilidade da Mãe de Jesus diante do sofrimento, se sensibilizam com os rasgos e destruições infringidos ao planeta, já desfigurado e sem vida em muitas de suas partes pela ambição destrutiva do ser humano. Pois, com a Sua Mãe, silenciosa e com lágrimas nos olhos, também nós diante da realidade da vida no planeta devemos dizer: “ó vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha”.
(Silêncio)
Nesta Via-Sacra, nos unimos ao sofrimento de Maria e de todas as pessoas que sucumbem na luta pela preservação das condições de vida no planeta. E com Jesus fazemos o caminho para o calvário, buscando forças para carregar a cruz e vencer todo o sofrimento que infringe a criação até o dia da plena libertação.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Que a dor dos corações partidos pela situação da vida no planeta, se reverta em ações em prol da justiça que liberta e salva as condições de vida na Terra, especialmente para os que mais sofrem neste contexto de crise ambiental. Ensinai-nos a solidariedade de Maria. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

5ª Estação Simão Cirineu ajuda Jesus a carregar a cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Depois de zombar dele, tiraram-lhe o manto vermelho e o vestiram com suas próprias roupas. Daí o levaram para crucificar. Ao saírem encontraram um homem chamado Simão, que era de Cirene, e o obrigaram a carregar cruz de Jesus”
(Silêncio)
Um desconhecido, que voltava do campo, foi forçado a carregar a cruz de Jesus. Não sabia quem era Jesus e muito menos que era o Filho de Deus. Mas o importante mesmo é que, no momento da necessidade, soube emprestar seus ombros a quem não os tinha. Soube oferecer suas forças a quem já estava sem forças. Soube tomar sobre si a cruz de quem já não a podia carregar.
(Silêncio)
Na criação todos os modos de vida se encontram interligados: o ar, as águas, as florestas e matas, os animais e o ser humano, conjunto que se denomina biodiversidade. Uma mata cortada implica em sofrimento para os animais e coopera para o desequilíbrio do clima. Uma espécie de peixe ou de um animal que se extingue, implica em danos para toda uma cadeia, ou seja, faz pesar sobre outros seres, sobretudo de milhões de seres humanos que já estão com dificuldade para obter água potável e extrair da terra o sustento em virtude de secas.
O mesmo pode-se aplicar em relação aos gases que provocam aumento da temperatura lançados na atmosfera em excesso, e resulta em ônus para a vida sobre o planeta. É necessário ajudarmos a carregar esta cruz, com a diminuição destas emissões.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que sejamos Cireneus que ajudam a carregar a cruz de Jesus que sofre e quase sucumbe em milhões de seres que formam a biodiversidade do planeta. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

6ª Estação Verônica enxuga o rosto de Jesus
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
De tal forma ele já nem parecia gente, tanto havia perdido a aparência humana, que muitos se horrorizaram com ele”. Uma piedosa mulher enxugou o rosto de Jesus.
(Silêncio)
Suor e sangue cobriam o Seu rosto, todo ensanguentado. De repente, Verônica, corajosa e solidária, passa entre os soldados, se aproxima de Jesus e com suas mãos trêmulas e carinhosas enxuga o seu rosto. Na toalha ficou gravado o retrato do Senhor. É a única imagem que Jesus quis nos deixar. Temos a foto do servo sofredor, anunciada pelo profeta lsaías: “Tão desfigurado estava o seu rosto que não parecia de homem... Não tinha graça nem beleza para atrair o nosso olhar, e seu aspecto não podia cativar-nos... Na verdade, Ele tomou sobre si as nossas doenças e carregou as nossas dores...
O castigo que nos salva pesou sobre ele e fomos curados por suas chagas”.
(Silêncio)
Nesta Via-Sacra, caminhamos com Jesus desfigurado e abatido até o Calvário, tendo em nossas mãos a toalha de Verônica. Queremos reconhecer o Senhor na face deste planeta já desfigurado
pelos maus tratos, o que ameaça a sua biodiversidade e impõe grandes sofrimentos aos mais pobres.
O gesto de Verônica também nos lembra que devemos ser cuidadores da vida instalada no planeta. Para isso devemos superar barreiras que nos distanciam dos que sofrem, e, a própria tentação de permanecermos numa vida egoísta e descompromissada.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que sejamos, a exemplo de Verônica, corajosos no socorrer a vida em todas situações de sofrimento e flagelo na atual crise ambiental. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

7ª Estação Jesus cai pela segunda vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Era o mais desprezado e abandonado de todos, homem do sofrimento, experimentado na dor, indivíduo de quem a gente desvia o olhar, repelente, dele nem tomamos conhecimento”
(Silêncio)
Jesus caiu diversas vezes no caminho. Já sem forças e sofrendo as consequências da terrível flagelação, alquebrado pelo peso da cruz, invadido pela dor do abandono dos amigos, Jesus tropeçou e caiu mais uma vez. Jesus fez sua oração do salmista: Eu sou um verme e não um homem, o opróbrio dos homens e o desprezo da plebe; Todos os que me vêem zombam de mim, descerram os lábios e meneiam a cabeça
(Silêncio)
A atitude do ser humano em sempre visar lucro, usando dos recursos do planeta sem pensar nas consequências para com este ser vivo, impôs flagelo a muitas partes do planeta. Geleiras estão derretendo, rios estão morrendo, o mar está super explorado, mais da metade das matas e florestas foram dizimadas, por isso, o clima está se desequilibrando. São sinais de que o planeta está sucumbindo ao desprezo e maus tratos.
Áreas ambientais nas cidades não são respeitadas, nelas surgem construções grandiosas e condomínios. Em meio a florestas importantes, constróem-se usinas cujos impactos ambientais são desastrosos. Assim, a deslumbrante e frágil vida no planeta, é desprezada em nome do crescimento econômico.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que consigamos nos libertar da ambição do crescimento desmedido que despreza a vida no planeta. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

8ª Estação Jesus consola as mulheres de Jerusalém
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo. “Seguia-o uma grande multidão do povo, bem como de mulheres que batiam no peito e choravam por ele. Jesus, porém, voltou-se para elas e disse: “Mulheres de Jerusalém, não chorais por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos”
(Silêncio)
O estado de Jesus era desolador, mas certamente era mais desolador o estado daqueles que tramaram a morte e causaram as dores de Jesus, dos que o condenaram à morte, segundo a cartilha da justiça dos poderosos.
(Silêncio)
Grupos econômicos poderosos exploram bens da criação até a exaustão e fomentam o consumo, condenando a vida no planeta à morte. Muitos dos bens do planeta já se encontram saturados. Que planeta larga-remos para as futuras gerações? Com o atual ritmo de exploração destes bens, o que restará para os seres humanos que ainda virão a este planeta? Então: “chorai por vossos filhos”.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que possamos denunciar todas as atitudes iníquas que ofendem e matam a vida. Dai-nos a graça de estar sempre ao lado dos seres crucificados deste mundo, dos espoliados da vida. Livrai-nos do acúmulo desnecessário de bens e ensinai-nos a partilhar o que somos e temos. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

9ª Estação Jesus cai pela terceira vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Eram na verdade os nossos sofrimentos que ele carregava, eram as nossas dores que levava às costas. E a gente achava que ele era um castigado, alguém por Deus ferido e massacrado”
(Silêncio)
Jesus cai pela terceira vez. Faltavam poucos metros. Abatido, ferido, verdadeiro trapo humano, ele caiu por terra, mais uma vez, abrindo ainda mais as chagas e os ferimentos. Em silêncio, nada reclamou, apenas ofereceu a sua caminhada dolorosa a Deus e aos irmãos. Passou a vida fazendo o bem, anunciou o Reino do Pai e acabou sendo rejeitado, sobretudo pelos que viam os seus interesses contrariados e não queriam um mundo novo de justiça e paz.
(Silêncio)
Unimo-nos ao seu fracasso, tendo presente que o Reino de paz é fruto da justiça e da conversão. Nossa sociedade precisa de conversões rápidas e profundas como relação às suas fontes energéticas, que precisam ser menos poluidoras, no cultivo do campo, a criação precisa ser mais respeitada, ela já não suporta desmates e queimadas e nem suas águas serem contaminadas. Mas muitos que lucram com estas práticas não querem mudanças.
Mas o Reino, pregado por Jesus, exige renúncia, conversão, mudança de vida. Transformação interior. Se a criação geme em dores de parto, é para que nasça um novo mundo, de fraternidade e justiça. Neste novo modo de se viver, cada ser há de ser respeitado. A criação, por isso, anseia pela revelação dos filhos de Deus.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas e por toda a criação. Fortalecei-nos no amor para que sejamos humildes e acolhamos o convite à conversão, necessário para que surjam autênticos filhos de Deus. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

10ª Estação Jesus é despido de suas vestes
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Depois que crucificaram Jesus, os soldados pegaram suas vestes e as dividiram em quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de cima abaixo. Eles combinaram: ‘Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar sorte para ver de quem será’. Assim cumpriu-se a Escritura: ‘Repartiram entre si as minhas vestes e tiraram a sorte sobre minha túnica”
(Silêncio)
Jesus chegou, finalmente, ao monte calvário, o altar do sacrifício. Os soldados agarraram Jesus. Arrancaram-lhe com violência as vestes, pegadas às chagas que cobriam todo corpo. Jesus se viu despido, humilhado e exposto ao ridículo diante da multidão irreverente. Teve que sacrificar tudo. Não reteve nada para si. Entregou tudo para poder resgatar tudo para todos. As vestes foram repartidas entre os soldados em quatro partes.
Em sua vida neste mundo, Jesus renunciou à posse e ao domínio. O domínio pode introduzir a violência na relação entre as pessoas e entre as pessoas e a criação. Se o domínio for exercido de modo tirano destrói a vida. Desumaniza a pessoa, que manipula e escraviza o semelhante e destrói impiedosamente a natureza sem respeitá-Ia.
Por renunciar ao domínio, Jesus respeitava a liberdade de todos e o que cada um era de fato. Preocupava-se em fazer crescer a todos mostrando um caminho de justiça e de paz. Por isso, mesmo violentado e despojado de suas vestes, continuou a suplicar ao Pai que venha o Reino onde não haverá mais lágrimas nem choro, porque este é um mundo novo, de irmãos e irmãs.
(Silêncio)  

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que possamos nos despojar de todo sentimento de domínio que não permite a vida florescer. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

11ª Estação Jesus é pregado na cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda”
(Silêncio)
Nu, aos olhos de todos, Jesus foi estendido sobre a cruz. Grossos pregos perfuraram os seus pulsos. Os pés também foram pregados. Junto com Ele foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. As cruzes são erguidas com os corpos dependurados. Jesus ouviu injúrias e perdoou: “Pai, perdoai-Ihes porque não sabem o que fazem”. Ouve o pedido do bom ladrão: “Hoje, ainda estarás comigo no paraíso”. Teve preocupação com a sorte de sua mãe e a confiou ao discípulo amado: “Eis aí a tua mãe”.
Jesus exerceu o cuidado para com os seus até o fim e a todos procurou salvar, não se descuidou desta responsabilidade. Por isso, soube ouvir a voz do ladrão que lhe pedia a salvação e procurou confiar a sua Mãe aos cuidados de alguém que lhe pudesse amar como Ele.
O cuidado para com a mãe, simboliza o cuidado para com a fonte da vida. Se hoje o planeta se encontra aviltado e demonstrando desequilíbrios como nas mudanças climáticas, é porque o ser humano não tem cuidado devidamente da vida e de suas fontes. Uma sociedade que trunca a vida irresponsavelmente com contraceptivos e não valoriza a vida em sua gestação, também não será capaz de cuidar devidamente da criação.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que sejamos zelosos para com as fontes da vida. Dai-nos a graça de ofertar as nossas vidas aos irmãos e irmãs e a toda a criação da qual somos chamados a sermos cuidadores. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

12ª Estação Jesus morre na cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Dando um forte grito, Jesus expirou”
(Silêncio)
Por volta das três horas da tarde, antes do desenlace final, Jesus gritou com foz forte: “Meu Deus, meu Deus, por que me aban-donastes”. Jesus encontrava-se nu, impotente, totalmente abandonado diante do Pai que se calava e nesse silêncio se revelava todo o seu mistério. Jesus não tinha nada a que se agarrar. Pelos critérios e lógicas humanas fracassou completamente. Apesar de tudo desaparecer e final de tudo estar próximo, Jesus confiou no Pai. Gritou: “Meu Pai, meu Pai! Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. “Tudo está consumado”. Jesus morreu abandonado na cruz. Pendeu entre o céu e a terra. As trevas invadiram a terra. O véu do templo rasgou-se.
O abandono conduz à deterioração e morte. Este processo ocorre com muitas pessoas que não têm nem onde residir, estão nos centros das cidades ou nas periferias. Muitas vindas da roça, onde viviam e de onde foram expulsas porque com a mudança do modo de produzir, já não são necessárias. A muitas só resta uma condição de mendicância, que por si, é um grito de morte.
A criação também geme em dores pelo que a sociedade industrial vem lhe fazendo. A princípio este grito também é de morte, denunciando a exploração para além de suas possibilidades de se manter sustentável. Até quando permaneceremos insensíveis aos gritos de morte que não são ecoados pelos meios de comunicação, mas que são de morte?

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que tenhamos coragem e ousadia de nos colocar no seguimento de Jesus, comprometidos com o amor ao próximo e a toda criação que geme em dores. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

13ª Estação Jesus é descido da cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: ‘Mulher, eis o teu filho: Depois disse ao discípulo: ‘Eis a tua mãe!’ A partir daquela hora, o discípulo a acolheu junto de si”
(Silêncio)
Jesus estava morto. O silêncio invadiu o céu e a terra. Maria chorou o seu Filho. Um soldado perfurou o lado e o coração. José de Arimateia e Nicodemos desceram o corpo do Senhor.
Ungiram-no e o envolveram em faixas de linho com perfumes. Maria recebeu em seus braços o filho despedaçado, inerte e pesado. Acariciou o corpo frio e imóvel e assim rezou:
(Silêncio)
 Meu filho, meu filho o que fizeram contigo? Anunciastes o evangelho da vida, cuidastes de todos e da criação. Servistes e não dominastes. Mostrastes o caminho para um novo modo de viver, sem exclusões e de profundo respeito uns aos outros e à obra da criação do Pai. Restituístes a vida a tantos e, mesmo assim, se uniram para te tirar a vida! Meu filho, meu filho o que mais deverias ter feito?
 Nesta Via-Sacra, com Maria acolhemos em nossos braços o corpo do Senhor. E nos lembramos de tantas situações de morte em nosso planeta: de crianças infectadas pela falta de saneamento e água, dos expulsos da roça pelo agronegócio e subsídios dos países ricos ou pelas condições climáticas desfavoráveis ao cultivo da terra; de espécies animais já extintas e outras que beiram a extinção; de matas e florestas já dizimadas ou em desmatamento; das águas poluídas por fertilizante e agrotóxicos, e do ar poluído com gases que aumentam a temperatura. O que tem gerado morte com as mudanças climáticas. Cremos que Jesus morto continua a pregar a instauração do Reino da justiça.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos neste amor para que possamos completar a paixão de Cristo através das nossas vidas doadas e entregues para fazer o bem, cuidando por toda a vida neste planeta. Alimentai a nossa esperança. “Venha a nós o vosso reino assim na terra como céu”. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

14ª Estação Jesus é sepultado
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Em verdade, em verdade, vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto”. “José de Arimateia depositou o corpo de Jesus num túmulo que estava cavado na rocha e rolou uma pedra sobre a porta do túmulo”
(Silêncio)
Depois de purificar e ungir o corpo de Jesus, José de Arimateia envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no seu próprio sepulcro, inteiramente novo, que fora cavado na rocha. Tanto em vida quanto na morte o Filho do Homem não teve onde reclinar a cabeça. Seu corpo estava morto, mas sua vida escondida em Deus.
(Silêncio)
Nesta Via-Sacra, solidários com Jesus e unidos às comunidades e a todas as pessoas que sofrem e lutam pela vida, cremos “em Jesus Cristo que padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos”. Cremos que a morte é a passagem necessária para a plenitude da vida. São como o grão de trigo que, ao morrer, produz vida e, ao ser enterrado, rompe o chão e cresce.
Por isso, a fé nos diz que os gritos da natureza que geme em dores de parto, que chamam a atenção para a situação em que se encontra a vida no planeta, por outro, alardeiam a esperança.
A morte de Jesus significa a sua solidariedade para com nossas mortes. Mas a última palavra de Jesus para nós não é morte, pois ele entra na morte para vencê-Ia.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Olhai com bondade para os que se doam no cuidado da vida no planeta. Fortalecei sempre esse amor. Fazei que o Seu amor produza frutos e alimente a esperança da ressurreição. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.

15ª Estação Jesus Ressuscitou
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos. - Porque, pela vossa santa cruz, remiste o mundo.
“Por que buscais entre os mortos aquele que vive? Não está aqui. Ressuscitou!”
(Silêncio)
Três dias após a sua morte, Jesus ressuscitou para a plenitude da vida humana e divina. Deus não abandonou Jesus e revelou a verdadeira justiça. Com a ressurreição de Jesus triunfou a vida em todas as suas formas. A ressurreição vem definir o sentido e a alegria de nossa esperança. A vida passa pela morte, mas não é tragada por ela. O homem não nasce para morrer. Morre para ressuscitar. Então podemos dizer: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão?” “Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória por Nosso Senhor, Jesus Cristo”
Ao final da nossa via-sacra, reafirmamos a nossa fé na ressurreição e bendizemos a Deus porque Jesus ressuscitou e continua dentro da história, vivo e presente no mundo, em cada pessoa, nos acontecimentos e nas celebra-ções. Cremos que a ressur-reição continua acontecendo sempre que os homens criam relações fraternas e estão mais próximos e respeitosos da obra da criação de Deus.
Para nós cristãos, a nova criação começa com a ressurreição de Cristo. O jardim da ressurreição, em que Jesus se revela ressuscitado a Maria Madalena, é o novo jardim do Éden, o lugar da boa notícia por excelência. Este acontecimento é o ponto de partida para a renovação da vida em todas as suas dimensões. Por isso, podemos enfrentar a morte como o fez esta mulher e discípula, que mesmo sob o Impacto da morte de seu Mestre, vai ao lugar da sepultura. Certamente, sua ida ao sepulcro aconteceu porque se sentiu fortalecida pelas palavras e gestos que testemunhou em Jesus. Tornou-se a primeira testemunha da ressurreição de Jesus Cristo.

Ó Deus, a cruz de Jesus é o sinal do vosso amor por todas as pessoas. Fortalecei-nos na alegria da ressurreição do vosso Filho. Dai-nos a graça de viver na condição de ressuscitados. Bendizemos o vosso nome porque a vida, dom a este planeta, é mais forte do que a morte. Nós vos pedimos em nome de Jesus, nosso Senhor. Amém.

Ó Maria, Mãe querida, Jesus nos confiou a vós como filhos e filhas. Despertai-nos, para que nos dediquemos com amor ao cuidado para com a vida no planeta.
Texto Base da CF-2011
Formatação: Vanessa – Paróquia São Vicente ,
Adaptado por Laércio