sábado, 23 de abril de 2011

ESTÁ VIVO.


Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo de Montes Claros - MG

O ser humano tem o grande desejo de autoafirmação e realização plena. Para isso ele depende do semelhante e de quem lhe dá segurança de obtenção de seu intento. Muitos desejam conquistá-lo sozinhos. Batem a cabeça na pedra do próprio egoísmo e limite. Infelicitam-se. Às vezes colocam seu objetivo de vida no que é limitado, material  e passageiro. A partir daí se encontram num beco sem saída. A sepultura, no caso, vem demonstrar-lhes a impotência humana de alcançar o infinito e a imortalidade.

Jesus, o Filho de Deus, assumindo nossa natureza humana, mostra-nos o que fazer para conseguirmos realizar o sonho da vida imorredoura, sendo Ele o primeiro exemplo a seguir. Ensina sobre o sentido e a finalidade da vida, com a caminhada terrena. A dependência humana de Deus e a convivência com o semelhante de modo justo e fraterno são condições vitais para conseguirmos atingir a meta da existência. A ciência e todo tipo de saber humano não são capazes de dar consistência imortal a ninguém. Só Deus tem esse poder. O humano é condicionado à matéria, ao tempo e ao espaço. Nem algum fundador de religião nem a própria religião têm força de levar seres limitados, como somos, ao patamar da felicidade com o Ser Divino.

Com a superação da morte o Cristo nos demonstra seu poder divino. Ele se submeteu aos nossos limites, inclusive passando pela sepultura de seu corpo de natureza humana. Seu poder de Deus o fez superar a morte. Também na natureza humana Ele está vivo. Paulo nos lembra: “Se Jesus não tivesse ressuscitado nossa fé seria vã” (Coríntios 15,14). A partir daí acreditamos no seu poder de fazer o milagre também de nossa ressurreição, mas tendo um corpo não mais sujeito à matéria. O mesmo apóstolo afirma: “Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, acreditamos também que aqueles que morreram em Jesus serão levados por Deus em sua companhia... Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós os vivos, que estivermos ainda na terra...” (1 Tessalonicenses 4,14.16.17).

A Páscoa ou a ressurreição de Jesus marca a razão de ser da fé nele. Seu martírio recebeu o triunfo com a vitória  da ressurreição. A redenção, ou superação de todo tipo de morte, acontece para toda a humanidade de todos os tempos. Não é a religião que tem força de salvação. É Deus. Tudo o mais tem o efeito dessa força, quanto mais afinado estiver com os valores éticos, morais, virtuosos e de bondade inerentes a todo o ser humano. A maior precisão de bondade vem do referencial divino. Quanto mais trabalhamos para nos atermos a ela mais facilidade temos de nos encaminhar à ressurreição gloriosa com o Filho de Deus. A instituição de sua Igreja é um instrumento de importância ímpar para termos as melhores condições e os melhores meios de salvação. Quem não os usa sem culpa de não percebê-los tem os efeitos da redenção de Cristo quando vivem os valores assumidos em sã consciência de estar agindo corretamente. Nosso esforço de dar a vida pelos valores de Seu Reino nos dá verdadeira caução ou base para alcançarmos a vida sem limites na felicidade beatífica com Deus na eternidade. Não estaremos mais sujeitos à lei da sepultura. Afinal, a ressurreição de Jesus é nossa vitória!

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