domingo, 15 de julho de 2012

Dom Eugênio


15/07/2012 - 03h30

Dom Eugênio

RIO DE JANEIRO - Se fosse muçulmano, umbandista, técnico de futebol, comunista ou lixeiro, dom Eugenio Sales seria o que sempre foi: um homem reto, sincero, fiel a seus princípios e, sobretudo, humano. Acontece que foi sacerdote, bispo e cardeal. Sua trajetória tinha um ponto de referência lá em cima -no caso dele, o Deus no qual acreditava e a igreja à qual servia em tempo integral e em modo total.
Conservador, sim, e mais do que isso: coerente e sincero com sua forma de pensar e agir no mundo. O pessoal de certa esquerda o criticava porque não bajulava causas e doutrinas que entravam em moda. Ele fizera sua opção básica por uma religião estruturada, multissecular, que passara por um "aggiornamento" no Concílio Vaticano 2º. Não trocaria esse corpo de pensamento social e ação por um marxismo superado, um socialismo terceiro-mundista e badalativo.
Além da doutrina tradicional da igreja à qual serviu, atualizou-se com as encíclicas que foram até citadas por João Goulart no famoso comício de 13 de março de 1964: a "Mater et Magistra", a "Populorum Progressio" e a "Pacem in Terris". Pessoalmente, creio que nem Jango nem a turma que o cercava tivessem lido (ou entendido) os documentos que gostavam de brandir para amenizar resistências numa sociedade que, afinal, se rotula de cristã ocidental.
Protegeu perseguidos políticos daqui e de fora, com uma firmeza que desarmava os militares. Eu próprio, em certa época, fui rastreado por ele e por dois de seus auxiliares, dom Eduardo e dom Rafael.
Em alguns momentos de perigo que atravessei, ia dormir na casa de dom Eugenio, no Sumaré, quando fumávamos nossos charutos. Detalhe importante: ele nunca me chamou pelo meu nome usual, mas de Heitor. Como meu pai e minha mãe.
Carlos Heitor Cony
Carlos Heitor Cony é membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000. Sua carreira no jornalismo começou em 1952 no "Jornal do Brasil". É autor de 15 romances e diversas adaptações de clássicos.

VATICANO II: 50 ANOS 8. A IGREJA NO MUNDO DE HOJE


A Igreja no Brasil - atenta aos ensinamentos de Jesus, dos papas no campo da justiça social, do Concílio Ecumênico Vaticano II e das conferências dos bispos da América Latina e Caribe - renova, nas Diretrizes da Ação Evangelizadora, seu compromisso de evangelizar à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres! Para isso aconteça na prática, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2011-2015) se comprometem com o posicionamento do Conferência de Aparecida e nos convidam à conversão pastoral:"Uma verdadeira conversão pastoral deve estimular-nos e inspirar-nos atitudes e iniciativas de autoavaliação e coragem de mudar várias estruturas pastorais em todos os níveis, serviços, organismos, movimentos e associações. Temos necessidade urgente de viver na Igreja a paixão que norteia a vida de Jesus Cristo: o reino Deus, fonte de graça, justiça, paz e amor. Por esse reino, o Senhor deu a vida"(DG 26).
 
 A Igreja renova seu compromisso de trabalhar para a dignidade da pessoa humana e promover a dignidade do matrimônio e da família. Também a promoção da paz e toda problemática referente à cultura e à justiça social fazem parte da sua ação evangelizadora . Nada do que diga respeito à vida do planeta Terra, da humanidade, está fora do compromisso evangelizador da Igreja.
 
 Passados 50 anos da realização do Vaticano II, podemos afirmar que esse concílio representa a expressão particularmente significativa de uma Igreja diante do mundo. "Fome e sede de justiça" que devem estar presentes na vida - ação - dos discípulos missionários de Jesus no mundo de hoje.

D. Angélico Sândalo Bernardino
Bispo Emérito de Blumenau e
membro do Instituto Jesus Sacerdote

 

Fonte: jornal O Domingo

Semanário  Litúrgico-Catequético - Domingo, 17 de junho de 2012