terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que pensava D.Estêvão Bettencourt

A penitência é obrigatória para ser perdoado?

Se os meus pecados já foram perdoados, porque fazer penitência?
 
Caso morramos sem ter expiado todos os nossos pecados perdoados, teremos ainda que sofrer a justa satisfação por eles, antes de ir para o céu.
 
“Ajusta-te com o teu adversário enquanto ainda caminhas com ele, para não acontecer que ele te entregue ao juiz, e o juiz ao carrasco, que te porá na prisão. Na verdade eu te digo: Não sairás de lá até ter pago o último centavo” (Mt 5, 25-26). Ou seja: A salvação já está garantida (você já foi perdoado), mas é preciso compensar o dano causado.
 
Esta satisfação é o impedimento por algum tempo da alma ser aceita na glória do Céu: Ficamos na “sala de espera”, até que tenhamos expiado os nossos pecados. Esta espera dói terrivelmente, pois a alma, já perdoada, anseia desesperadamente por Deus, mas é impedida pelos males que causou. Este sofrimento é para “pagar os pecados”, como o povo diz. Mas do preço do pecado, que é a morte, Jesus já nos dispensou na Ressurreição. Agora ainda assim devemos satisfazer a Justiça Divina pelos pecados que cometemos, pois aqueles que nós ofendemos esperam de Deus, e com razão, que sejamos punidos pelas maldades que lhes cometemos.
 
A este sofrimento chamamos “Purgatório”. Nós podemos sofrer cá na terra em lugar das que sofrem lá, ou pelo sofrimento aqui (doenças, jejuns, penitências) livrar-nos do sofrimento lá, pois Deus irá nos considerar já suficientemente punidos pelas nossas maldades. Agora se essa punição é voluntária e auto-imposta, então ela tem muito mais valor, e assim um pequeno sofrimento auto-imposto nos livra de grandes sofrimentos que seriam nos impostos de cima e dos quais não poderíamos nos queixar, pois procedem de Deus Justo.
 
Podemos também oferecer a nossa penitência pelos pecadores, sofrendo na nossa carne o que eles deveriam sofrer para pagar os seus pecados. Isto é muito bom diante dos olhos de Deus, pois é um dos maiores atos de misericórdia:  Sofrer pela salvação dos outros.
 
A Igreja tem o poder de nos liberar do peso desta obrigação de satisfazer à Justiça Divina: “Tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu” (Mt 16,19), através das Indulgências.
 
Uma maneira ótima de fazer penitência é oferecer esmolas (na forma de dinheiro ou comida), ou cometer qualquer bondade de maneira deliberada, buscando com essa bondade consolar a Deus pelas ofensas anteriormente cometidas.  




Dom Estêvão Bettencourt (Rio de Janeiro, 16 de setembro de 1919 - 14 de abril de 2008), batizado Flávio Tavares Bettencourt, foi um dos mais destacados teólogos brasileiro do século XX. Foi também monge da Ordem dos Beneditinos do Mosteiro de São Bento, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. 


Fonte: http://peregrinosdejesus.org.br

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